Pensei em escrever uma homenagem às nossas progenitoras, mas
não de uma forma convencional.
Desde pequenos somos instruídos nessa data para exteriorizar
nosso sentimento àquelas que nos possibilitaram a existência.
As feministas xiitas que me perdoem, mas o homem também tem sua contribuição, óbvio.
Geralmente um gameta feminino é servido para mais de 300
milhões de gametas masculinos no mágico processo de fecundação.
Além do mais, o sexo do descendente depende diretamente ao
homem, não é?
A genética básica ensina que a mulher sempre contribui com o
cromossomo sexual “X”, enquanto que o gameta masculino pode conter o “X” ou o “Y”.
Então, se a combinação for “XX”, pode decorar o quarto com
os tons de rosa, pois aí vem uma princesinha.
Mas, se o genótipo
sexual for “XY”, compra uma bola, um carrinho e coloca o pôster do Coxa (meu
clube de futebol) na parede, pois aí virá um “sacudo”.
Não vamos entrar nas discussões de diversidade em que menina
também gosta de bola e que menino pode preferir uma Barbie.
O intuito é outro.
A mídia se encarrega em excitar os incautos filhos na
gastança com presentes, já que é a segunda data onde se mais “compram”
homenagens, perdendo apenas à natalina.
Muito bem, já “comprei” minha homenagem, não a minha mãe que
está em outra dimensão, mas à minha querida companheira que teve a
possibilidade de ser o veículo para outra vida.
A ideia inicial é a de divagar um pouco sobre as outras
formas de maternidade, aquela vista, não na do todo poderoso ser humano, mas
sim nas demais que coadjuvam em nosso reino.
Daquelas fêmeas de outras espécies que trazem peculiaridades da forma como parem ou no modus operandi como lidam com sua prole.
A minhoca mereceria ser "lembrada" nessa data, pelo fato de gerar seus pequenos anelídeos? (Tudo bem, é apenas uma minhoca, mas existe gente que presenteia suas gatinhas e cadelinhas pelo mesmo motivo).
Apesar de o pronome ser feminino, ela é hermafrodita, ou
seja, ela é pai-mãe.
Numa colmeia, somente a rainha tem a condição de perpetuar a
espécie, pois com as estéreis operárias ficam os encargos da manutenção do “lar,doce,lar”,
literalmente.
Dando algumas
passadas evolutivas e chegando aos vertebrados, mais curiosidades paredeiras são encontradas.
No cavalo-marinho, cabe ao macho a responsabilidade de
carregar em sua bolsa os filhotes no período de incubação, lançando ao ambiente
mais de 300 descendentes.
Sacana é a mamãe cuco que deposita seus ovos em ninhos
alheios para não ter o trabalho de chocá-los.
E a sacanagem não para por aí.
Como seus ovos eclodem primeiros, os recém-nascidos tratam
de se livrar dos “intrusos” irmãos de ninhada para crescerem com totais
garantias de subsistência.
Nos cangurus, o acasalamento se dá após uma luta entre os
machos – inspiradora pra qualquer UFC – onde o vencedor tem o privilégio das núpcias com a pretendida.
O filhote, ainda
pré-formado, nasce e segue até o marsúpio de sua mãe.
Na bolsa ventral, encontrará proteção e alimento, mesmo já
grandinho.
Muitas são as curiosidades que orbitam a maternidade
zoológica.
Mas o grande valor para nós humanos, não está em sermos mãe
ou pai.
Como somos dotados da capacidade racional e forjados num
sistema social complexo, com normas e regras, o que vale mesmo é herança de elementos
éticos e morais usados na orientação de uma geração mais solidária e
harmônica.
Independente do credo de cada um, a fundamentação é
filosófica e não religiosa, mesmo respeitando aos que acreditem numa
paternogênese Divina.
A imagem imaculada da mãe é louvável e digna de ser
blindada.
Porém, a figura paterna legítima deve ser resguardada em
direta proporção.
A alienação parental é uma injustiça ao caráter do pequeno
tutelado que ainda não consegue perceber o que é certo ou errado, até porque
isso é relativo e demanda tempo para ser ponderado.
Então, Viva!
Vivas ao Dia das Mães, dos Pais e dos Filhos.
Rogério Francisco
Vieira
Biólogo e Professor
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