sexta-feira, 10 de maio de 2013

A Diversidade Faunística da Maternidade


Pensei em escrever uma homenagem às nossas progenitoras, mas não de uma forma convencional.

Desde pequenos somos instruídos nessa data para exteriorizar nosso sentimento àquelas que nos possibilitaram a existência.

As feministas xiitas que me perdoem, mas o homem também tem sua contribuição, óbvio.

Geralmente um gameta feminino é servido para mais de 300 milhões de gametas masculinos no mágico processo de fecundação.

Além do mais, o sexo do descendente depende diretamente ao homem, não é?

A genética básica ensina que a mulher sempre contribui com o cromossomo sexual “X”, enquanto que o gameta masculino pode conter o “X” ou o “Y”.

Então, se a combinação for “XX”, pode decorar o quarto com os tons de rosa, pois aí vem uma princesinha.

Mas, se o genótipo sexual for “XY”, compra uma bola, um carrinho e coloca o pôster do Coxa (meu clube de futebol) na parede, pois aí virá um “sacudo”.

Não vamos entrar nas discussões de diversidade em que menina também gosta de bola e que menino pode preferir uma Barbie.

O intuito é outro.

A mídia se encarrega em excitar os incautos filhos na gastança com presentes, já que é a segunda data onde se mais “compram” homenagens, perdendo apenas à natalina.

Muito bem, já “comprei” minha homenagem, não a minha mãe que está em outra dimensão, mas à minha querida companheira que teve a possibilidade de ser o veículo para outra vida.

A ideia inicial é a de divagar um pouco sobre as outras formas de maternidade, aquela vista, não na do todo poderoso ser humano, mas sim nas demais que coadjuvam em nosso reino.

Daquelas fêmeas de outras espécies que trazem peculiaridades da forma como parem ou no modus operandi como lidam com sua prole.

A minhoca mereceria ser "lembrada" nessa data, pelo fato de gerar seus pequenos anelídeos? (Tudo bem, é apenas uma minhoca, mas existe gente que presenteia suas gatinhas e cadelinhas pelo mesmo motivo).

Apesar de o pronome ser feminino, ela é hermafrodita, ou seja, ela é pai-mãe.

Numa colmeia, somente a rainha tem a condição de perpetuar a espécie, pois com as estéreis operárias ficam os encargos da manutenção do “lar,doce,lar”, literalmente.

Dando algumas passadas evolutivas e chegando aos vertebrados, mais curiosidades paredeiras são encontradas.

No cavalo-marinho, cabe ao macho a responsabilidade de carregar em sua bolsa os filhotes no período de incubação, lançando ao ambiente mais de 300 descendentes.

Sacana é a mamãe cuco que deposita seus ovos em ninhos alheios para não ter o trabalho de chocá-los.

E a sacanagem não para por aí.

Como seus ovos eclodem primeiros, os recém-nascidos tratam de se livrar dos “intrusos” irmãos de ninhada para crescerem com totais garantias de subsistência.

Nos cangurus, o acasalamento se dá após uma luta entre os machos – inspiradora pra qualquer UFC – onde o vencedor tem o privilégio das núpcias com a pretendida.

O filhote, ainda pré-formado, nasce e segue até o marsúpio de sua mãe.

Na bolsa ventral, encontrará proteção e alimento, mesmo já grandinho.

Muitas são as curiosidades que orbitam a maternidade zoológica.

Mas o grande valor para nós humanos, não está em sermos mãe ou pai.

Como somos dotados da capacidade racional e forjados num sistema social complexo, com normas e regras, o que vale mesmo é herança de elementos éticos e morais usados na orientação de uma geração mais solidária e harmônica.

Independente do credo de cada um, a fundamentação é filosófica e não religiosa, mesmo respeitando aos que acreditem numa paternogênese Divina.

A imagem imaculada da mãe é louvável e digna de ser blindada.

Porém, a figura paterna legítima deve ser resguardada em direta proporção.

A alienação parental é uma injustiça ao caráter do pequeno tutelado que ainda não consegue perceber o que é certo ou errado, até porque isso é relativo e demanda tempo para ser ponderado.

Então, Viva!

Vivas ao Dia das Mães, dos Pais e dos Filhos.

Rogério Francisco Vieira
Biólogo e Professor

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