sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Poetas Adorados, Políticos Odiados


“Todos os povos amam seus poetas...
O poeta não é um ser de luxo, não é uma excrecência ornamental da sociedade. Ele é uma necessidade orgânica de uma sociedade. A sociedade precisa daquilo, daquela loucura para respirar. É através da loucura dos poetas, através da ruptura que eles representam que a sociedade respira, dessa pressão de uma máquina em cima de você que não escolheu, não pediu, mas de nada adianta espernear, pois ela é muito maior que você...” (Paulo Leminski).

O fragmento acima foi extraído do documentário "Ervilha da Fantasia" (1985), onde o poeta paranaense faz algumas considerações sobre sua vida literária.

Apesar de serem amados pelos povos, nem todos têm o gosto por esse estilo literário, pois, muitas vezes, é recheada por uma linguagem subjetiva e metafórica, sutil e significativa para seu autor.

Quando seus versos são acompanhados por notas musicais, como no caso do "poetinha" Vinícius de Moraes, a coisa fica mais palatável ao grande público.

É com essa estética que a poesia oxigena nossas vidas, dando-nos resistência para resistir a pressão exercida pela "máquina" do sistema ao qual estamos submetidos.

Por isso são amados.

Amamos aqueles que nos tiram a dor e nos trazem a sensação regozijante do prazer.

Em contrapartida, odiamos quem nos oprime, quem nos impede de sermos autênticos, que nos causam dor.

O grande fardo social é imposto pela gigantesca máquina do sistema, sob a alegação de se manter a ordem entre seus tutelados.

A liberdade e oxigenação poética foi, é, e sempre será a válvula de escape às almas humanas sensíveis a boa convivência dos homens entre si, entre os demais seres vivos e para com o ambiente.

Em oposição, a opressão e o sufocamento político - distante de seus natos princípios - fermenta a indignação social, quando conduzido por mentes estreitas que advogam interesses próprios ou de pequenos grupos em detrimento dos anseios coletivos, num verdadeiro jogo de vaidades.

Somente uma censura política pode calar a voz do poeta.

Somente a liberdade poética pode fazer ecoar a voz do povo.

Assim, cada qual apropria-se um pouco do céu e do inferno, experimentando o lado bom e o lado ruim das coisas nesse aprendizado de emoção e de razão.

Mas, felizmente, como a unanimidade não é regra, continuaremos provando do amor e do ódio pelo resto de nossa existência.


Rogério Francisco Vieira
Curitiba-PR


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