quarta-feira, 3 de abril de 2013

"Causos" de Moto - Vaca na Pista


Até parece que minha vida de motociclista se resume em bizarros acidentes.

Mas acredito que existam inúmeras histórias estranhas contracenadas pelos irmãos das "duas rodas" espalhados pelo mundo e que se mesclam em humor, romance e tragédia, mas carentes de relatos escritos.

Geralmente as histórias ficam na memória e contadas nos encontros dos motoclubes.

Bom, essa terminou em churrasco (segundo o dono da vaca) e eu com uma bota de gesso.

Já era final de tarde e eu terminava meu lanche para ir lecionar numa escola distante de minha residência.

Na época minha companheira de transporte era uma CG-125, azul calcinha.

Então, lá fomos encontrar os alunos sedentos pelo conhecimento no campo da biologia (ironia).

Tinha garoado e o asfalto estava molhado e escorregadio.

Ao fazer uma curva, deparei com uma verdadeira muralha formada por bovinos.

O bairro afastado do centro da cidade, ainda conservava aspectos rurais.

Um pequeno pecuarista mantinha umas cabeças de gado leiteiro.

O rebanho ficava no pasto durante o dia e, ao entardecer, conduzido pelo "alemão", fazia a travessia do mesmo até o estábulo anexo a sua residência. 

Sua produção leiteira era comercializada junto a uma cooperativa da região metropolitana da cidade.

Apesar de proibida por lei, a manobra com os animais ocorria diariamente.

Como todo acidente de trânsito, as impressões passam em milésimos de segundo.

Nesse exíguo intervalo de tempo, ainda deu para escolher qual 
animal sofreria o impacto.

Se batesse na lateral de um, corria o risco do mesmo cair sobre mim.

Preferi bater no frontal de uma "malhada".

O osso duro da testa do bicho é um dos mais resistentes de sua estrutura e, assim, ele poderia suportar a pancada sem sofrer grandes lesões.

Bati e ainda caí agarrado na moto.

A moto ficou bastante prejudicada e eu sentia dores pelo corpo e gosto de sangue, ocasionado pela fratura de algum dente.

Bendito capacete!

Levantei assustado, mas não havia mais vacas na pista.

Não me lembro como cheguei em casa.

Segundo o leiteiro, sua vaca teria morrido, fato que eu duvido.

Mas no final das contas, o mesmo arcou com o conserto da "cegezinha".

Eu tinha casado recentemente e a mulher disparou: "ou eu, ou a moto".

Bom, estou no terceiro casamento e, agora, pilotando minha Shakira grená. 

Rogério Francisco Vieira
MCBDA - Facção Curitiba






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