Lembro-me das histórias de meus amigos adeptos da haliêutica.
Só o fato se reunirem à margem de um rio, contar piadas e tomar uma bem geladinha, já vale o sacrifício em dormir em barraca, enfrentar mosquitos, fazer as necessidades fisiológicas atrás da moita e comer mal.
Mas o objetivo é levar pra casa os troféus – os incautos peixes – seja em quantidade e, de preferência, em tamanho que mereça uma foto a ser postada no “face”.
E como atrair tais distraídas criaturas?
Os experientes matreiros conhecem como.
Além do silêncio, pois a som propagado vibra a água e afasta os bichinhos, cevam a superfície com farelos apetitosos para atrair suas presas.
Os experientes matreiros conhecem como.
Além do silêncio, pois a som propagado vibra a água e afasta os bichinhos, cevam a superfície com farelos apetitosos para atrair suas presas.
Daí é só esperar e puxar a Rede.
E nessa metáfora, lá vem o pescador de votos com a Rede em punho para apanhar seus distraídos eleitores.
Dona Marina, além de experiente pescadora e com a lábia de saber como pescar e temperar, pois já enfrentou águas turbulentas de outros “rios”, instrui como se deve proceder em águas“novas”, porém não tão cristalinas.
O matuto pescador sabe que, para sua subsistência, basta respeitar os sinais da natureza para ser bem sucedido em seu propósito – eis a tal sustentabilidade cabocla.
De nada adianta Dona Marina vir com iscas artificiais e outras parafernálias patrocinadas pelas indústrias pesqueiras, pois até o cardume desconfia de tanta fartura e facilidade na obtenção do petisco favorito.
Mas as águas são democráticas e aceitam que qualquer um lance seu anzol para arrancar destas seus fartos frutos.
Mesmo que o "pescador" - em seu discurso de respeito a diversidade - ignore as bençãos de Oxum e de Iemanjá, as rainhas das águas.
Rogério Francisco Vieira
Biólogo e Professor
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