domingo, 17 de fevereiro de 2013

Caiu na Rede é Peixe



Lembro-me das histórias de meus amigos adeptos da haliêutica. 

Só o fato se reunirem à margem de um rio, contar piadas e tomar uma bem geladinha, já vale o sacrifício em dormir em barraca, enfrentar mosquitos, fazer as necessidades fisiológicas atrás da moita e comer mal.

Mas o objetivo é levar pra casa os troféus – os incautos peixes – seja em quantidade e, de preferência, em tamanho que mereça uma foto a ser postada no “face”.

E como atrair tais distraídas criaturas? 

Os experientes matreiros conhecem como. 

Além do silêncio, pois a som propagado vibra a água e afasta os bichinhos, cevam a superfície com farelos apetitosos para atrair suas presas.

Daí é só esperar e puxar a Rede.

E nessa metáfora, lá vem o pescador de votos com a Rede em punho para apanhar seus distraídos eleitores.

Dona Marina, além de experiente pescadora e com a lábia de saber como pescar e temperar, pois já enfrentou águas turbulentas de outros “rios”, instrui como se deve proceder em águas“novas”, porém não tão cristalinas.

O matuto pescador sabe que, para sua subsistência, basta respeitar os sinais da natureza para ser bem sucedido em seu propósito – eis a tal sustentabilidade cabocla.

De nada adianta Dona Marina vir com iscas artificiais e outras parafernálias patrocinadas pelas indústrias pesqueiras, pois até o cardume desconfia de tanta fartura e facilidade na obtenção do petisco favorito.

Mas as águas são democráticas e aceitam que qualquer um lance seu anzol para arrancar destas seus fartos frutos.

Mesmo que o "pescador" - em seu discurso de respeito a diversidade - ignore as bençãos de Oxum e de Iemanjá, as rainhas das águas.

Rogério Francisco Vieira
Biólogo e Professor

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