sábado, 1 de junho de 2013

A Amanita do Zé, do Mário e da Alice

Amanita

Nem todos gostam de estudar o universo da Biologia, principalmente quando envolve taxionomia - ou seja - a classificação dos seres vivos. 

Além das regras, a nomenclatura biológica baseia-se no latim, terror para aqueles acostumados apenas com as Linguas Estrangeiras Modernas.

Assim sendo, nada melhor que colocar um pouco de mel no xarope amargo, fazendo com que a obrigatoriedade do remédio seja menos sacrificante, entregando-se ao efeito terapêutico de sua composição química.

Concordo que "decorar" os nomes da diversidade do animais e vegetais, suas estruturas, seus hábitos, como se reproduzem, etc, não é coisa muito fácil.

Além do mais, não existem apenas bichos e plantas a serem conhecidos nos bancos escolares.

A grande maioria dos alunos tem aversão e pânico pelas temidas: Matemática, Física e Química.

Mas, sem querer profetizar, a Biologia é muito mais complexa!

E muito mais prazerosa de ser investigada, desde que prevaleça a boa vontade daquele desejoso em explora-la.

Dentre os milhares de tópicos do estudo dos seres vivos, existe um denominado de Micologia - o estudo dos fungos.

São tão estranhos que ganharam uma divisão própria: o Reino Fungi, desde que foram "expulsos" sistematicamente do Reino das Plantas, só porque não fabricavam seus próprios alimentos.

Conhecidos como bolores, mofos e cogumelos possuem uma relação de amor e ódio com o ser humano.

A relação amorosa se dá pelo fato de que algumas espécies são comestíveis e fornecem substâncias antibióticas (penicilina, a original), enquanto outros são odiados por serem causadores de diferentes tipos de micoses, umas leves outras severas.

Mas a figura que melhor representa o fungo é o cogumelo.

Quem não se lembra de um desenhado no muro de escolinhas ou em estátua com duendes enfeitando alguns jardins?

A tal "casinha de sapo", vermelha com bolinhas brancas é, justamente, a espécie mais famosa: a Amanita.

Esse tipo de fungo basidiomiceto é mencionado na canção Avôhai, de Zé Ramalho:
Neblina turva e brilhante

Em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina
E que transparente cortina
Ao meu redor...


Justamente esse meigo fungo é o que dá super poderes ao Mário (Mário Bros, jogo da Nintendo, 1985), pois contém substâncias alucinógenas, entre elas o muscimol com princípio ativo similar ao LSD e usado em rituais xamânicos.

Até Lewis Carroll em seu clássico "Alice no País das Maravilhas" descreveu a personagem cercada por amanitas, conversando com uma lagarta.


Mas o objetivo desta postagem não é fazer apologia ao uso de drogas e nem tentar associar as manifestações artísticas como sendo coisas do capeta, numa esquizofrênica mensagem subliminar.

A intenção é mostrar o quanto a biologia é fascinante.

Encanta e vai continuar inspirando compositores, pintores, escultores, religiosos, arquitetos, enfim, todo e qualquer humano sensível a beleza da vida.

Rogério Francisco Vieira
Professor e Biólogo 


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