"O fenômeno e o rei" |
A situação está mais para
uma convulsão a que uma comoção nacional no junho de 2013 no Brasil.
A população saiu às ruas
levando consigo seus mais diversos anseios, aproveitando-se do substrato fértil
da insatisfação arado por um sistema político frágil e em colapso.
Um terreno que há muito
tempo tem sido semeado por votos por todos nós, protótipos de cidadãos, diante
das opções que nos sobraram, aos escolhidos para tomar conta de nossa estimada “plantação”.
Mas o ambiente propício fez
a “erva daninha” ganhar força e competir com as domésticas espécies que podem retribuir,
dando-nos seus frutos, sementes e folhas, saciando nossas necessidades
primárias.
Porém, o mato tomou conta da
produção, enfraqueceu, comprometeu e esterilizou o canteiro.
Diante disso, o povo
desesperado invadiu o matagal arrancando com suas próprias mãos o resultado de
uma semeadura herdada numa tentativa de extirpar o mal pela raiz, não fazendo
distinção entre o daninho e o produtivo.
Saindo desse panorama
agropolítico, ouvimos diferentes percepções a respeito do caos instalado nessa
“festa” junina com direito a fogueira e quadrilha, literalmente.
As vozes ecoaram a favor ou
contra o movimento detonado pelo aumento das passagens do transporte público,
possibilitando pretéritas reivindicações.
Graças a imprensa – seja ela
branca, preta ou marrom – somos atualizados dos protestos ocorridos na maior
nação sulamericana.
O problema, ou não, é
assistirmos as opiniões tendenciosas de profissionais ou de “ídolos” nacionais
que se atrevem a externar suas impressões de acordo com seus interesses.
Cada país merece o “rei” que
tem.
O “nosso” coroado, vem a
público trajando o manto canarinho da antiga CBD implorando ao povo que ignore
as ações dos baderneiros e apoiem a nossa imaculada seleção de futebol.
“Pra frente Brasil, Brasil.
Salve a seleção”.
E se não bastasse termos um
representante da realeza, temos um “fenômeno”!
Sim, Ronaldo “O Fenômeno” –
o moleque que deu graça, dentro e fora de campo, à nossa monótona vidinha
tupiniquim.
O carioca, revelado pelo
celeste mineiro, disparou: “Uma copa do mundo se faz com estádios de futebol;
não se faz com hospitais”.
As redes sociais caíram de
pau, crucificando o “coitado” que teve um precoce casamento em um castelo e foi
patrocinado para perder sua massa gordurosa, ocupando o tempo das famílias de
telespectadores passivos à ditadura midiática.
Tudo se resume ao conteúdo
das coisas.
Se nós abrimos uma cerveja,
queremos que nosso copo se encha de cerveja. Se o prometido no rótulo for
vinho, nossa taça terá vinho e assim por diante.
A boca emite aquilo que o
corpo contém e o cérebro reserva.
Espantoso seria ouvir de um
Chico Xavier, de uma Madre Teresa de Calcutá, de um Aristóteles ou de uma Zilda
Arns uma asneira similar a essa.
A pessoa só dá aquilo que
tem.
A humanidade tem jeito sim!
Apesar de tudo e de todos,
“bem aventurado os homens de boa vontade”.
Rogério
Francisco Vieira
Biólogo
e Professor
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