terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Justiça Dentro e Fora de Campo

Jacke Branco e Rogério Vieira

Não é fácil se fazer justiça, pois sempre uma das partes perderá e, consequentemente, sentir-se-á lesada.

Num caso de homicídio, por exemplo. Qual seria justiça ideal para a perda do ente querido? A reparação do ato com uma condenação ao autor do crime, mas isso seria irrelevante se a vítima tivesse sua vida subtraída de volta e retornasse ao convívio dos seus.

Coisa óbvia que qualquer curso de Direito discute, inclusive o qual estudei sem concluir.

Porém, como isso é coisa extra-humana, a justiça se apega ao castigo ao delito, impondo ao criminoso uma pena que, invariavelmente, está aquém do esperado pelos familiares do falecido.

Nasci em Curitiba, capital do Paraná, no ano de 1963 e por feliz influência de um tio, tomei gosto pelo futebol e pela cor alviverde do Coritiba Foot Ball Club, o Coxa.

Na década de 70, com dez anos de idade, assistia às partidas pela televisão, passando a admirar o habilidoso Roberto Rivelino que jogava no tricolor das Laranjeiras.

Assim, começou minha admiração pelo Fluminense.

Hoje, para meus amigos, ser “coxa-branca” e “pó de arroz” é uma contradição, quase que uma heresia.

Afinal, aquele rebaixamento do Coritiba em pleno estádio Couto Pereira com o quebra-quebra após o jogo, seria a gota da água para qualquer “coxa” passar a odiar o tricolor carioca.

Uma situação em que se prefere ver o diabo a ter qualquer relação amistosa com o clube das Laranjeiras e, por extensão, à sua torcida.

Mas o dito popular diz que futebol é “Paixão Nacional”.

Portanto, nossas fronteiras geográficas são secundárias com relação à afinidade futebolística que se tem.

Não seria nenhuma surpresa encontrar um torcedor do Coritiba entre os moradores nativos do Morro da Mangueira ou de Vila Isabel.

E no recente caso do Brasileirão de 2013, quem é o culpado pelas modificações ocorridas, levando a Portuguesa paulista para a série B, livrando o Fluminense do descenso?

O Fluminense, o STJD ou a Portuguesa?

Pelas declarações do presidente da Lusa, o advogado do clube deveria estar acompanhando as possíveis sanções no site da CBF em relação a escalação de seu atleta que deveria cumprir duas partidas de afastamento por conta de uma penalização por expulsão.

Foi notória a confusão do referido presidente durante a audiência, reiterando que aguardava a intervenção de seu advogado para dar condições de jogo ao atleta punido.

Alegando desinformação, foi conivente com a escalação do atleta.

Já o Supremo Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) diante das evidências do caso, aplicou o previsto na lei que é de conhecimento de todas as agremiações participantes do campeonato brasileiro.

Essa foi a justiça que imperou fora de campo.

Dentro de campo, o justo também foi estabelecido, ou seja, os quatro que menos pontuaram teriam que ser conduzidos à série B em 2014.

Todos reconhecem que a campanha do Fluminense foi pífia e merecedora de um rebaixamento.

Mas a pena aplicada ao time rubro-verde paulista, com perda de quatro pontos, beneficiaria um dos rebaixados que, nesse caso, foi o Fluminense.

Acreditar na justiça e na isenção daqueles responsáveis em aplicar a lei não é ingenuidade, é a confiança na manutenção da ordem do país.

Se existem intenções escusas, o tempo vai se encarregar de reparar e, de alguma forma, irá impor sua condenação aos mal intencionados.

São milhões de corações de torcedores tricolores felizes com o desfecho, até então, de um ano nada agradável ao seu clube.

Uma grande porcentagem de anônimos que tem como uma das poucas alegrias a torcida pelo seu amado time.

Outros famosos como Chico Buarque, Nelson Motta, Evandro Mesquita, Nelson Rodrigues, Fernanda Montenegro, Cartola, etc, tem ou tiveram na opção verde, branco e grená o amor pelo esporte preferido de todos os brasileiros.

Rogério Francisco Vieira

Biólogo e Professor

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