Cômico, porém trágico.
Mas, felizmente, apenas danos materiais.
Era dia de receber uma homenagem.
O evento requeria terno e gravata e assim, procurei me arrumar decentemente para a ocasião.
Na programação, espaço para a entrega do título Paul Harris - uma verdadeira honra para todo rotariano.
Vamos lá!
O sol estava se pondo e eu me deslocava com minha Shakira (moto) até o local informado.
Cabelo penteado, "pin" na lapela, perfumado, lá vou eu.
Tudo transcorria tranquilamente como de costume.
A Shakira me conduzindo com leveza e vigor.
Bom, estou meio atrasado, melhor pegar o corredor entre os automóveis.
Tudo com muita prudência e velocidade reduzida.
Poxa, esse sol baixo...não consigo enxergar direito.
Sinal fechado.
Legal, agora vou chegar lá na frente e me esquivar desse monte de carros.
Mas o que é isso?
Em frações de segundos eu estava no chão.
Mas como?
Tudo estava sob controle, velocidade baixa e atenção redobrada.
Bati e fiquei estirado no asfalto.
Bom, só pode ter sido um cachorro que cruzou em minha frente.
Consegui levantar.
Parece que nada de grave me aconteceu.
Apenas uma dor nos pulsos.
Mas onde está o cachorro?
Espera!
Uma cadeira de rodas vazia lançada na calçada?
Meus Deus!
Atropelei um cadeirante!
Tratava-se de uma figura já bem conhecida que aproveitava o sinal vermelho para fazer a sua coleta.
Aproximei-me do rapaz com o intuito de ajudá-lo e verificar se estava muito ferido.
O mesmo não admitiu ser ajudado.
Resmungando, foi até o meio-fio se arrastando para pegar sua cadeira.
Segundo consta, não era a primeira vez que o fulano se envolvia em acidentes.
Diante de tanta agressividade, bati a poeira da roupa, peguei aShakira, com leves escoriações lataria, e lá fomos nós ao compromisso.
Dias depois, lá estava o cadeirante colocando a própria vida em risco e a de terceiros, entre os carros, fazendo sua costumeira arrecadação de moedas.
Rogério Francisco Vieira