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Jacke Branco e Rogério Vieira |
Não é fácil se fazer
justiça, pois sempre uma das partes perderá e, consequentemente, sentir-se-á
lesada.
Num caso de homicídio, por
exemplo. Qual seria justiça ideal para a perda do ente querido? A reparação do
ato com uma condenação ao autor do crime, mas isso seria irrelevante se a
vítima tivesse sua vida subtraída de volta e retornasse ao convívio dos seus.
Coisa óbvia que qualquer
curso de Direito discute, inclusive o qual estudei sem concluir.
Porém, como isso é coisa
extra-humana, a justiça se apega ao castigo ao delito, impondo ao criminoso uma
pena que, invariavelmente, está aquém do esperado pelos familiares do falecido.
Nasci em Curitiba, capital do Paraná, no ano de
1963 e por feliz influência de um tio, tomei gosto pelo futebol e pela cor alviverde
do Coritiba Foot Ball Club, o Coxa.
Na década de 70, com dez
anos de idade, assistia às partidas pela televisão, passando a admirar o habilidoso Roberto Rivelino que jogava no tricolor das Laranjeiras.
Assim, começou minha
admiração pelo Fluminense.
Hoje, para meus amigos, ser “coxa-branca”
e “pó de arroz” é uma contradição, quase que uma heresia.
Afinal, aquele rebaixamento
do Coritiba em pleno estádio Couto Pereira com o quebra-quebra após o jogo,
seria a gota da água para qualquer “coxa” passar a odiar o tricolor carioca.
Uma situação em que se
prefere ver o diabo a ter qualquer relação amistosa com o clube das Laranjeiras
e, por extensão, à sua torcida.
Mas o dito popular diz que
futebol é “Paixão Nacional”.
Portanto, nossas fronteiras
geográficas são secundárias com relação à afinidade futebolística que se tem.
Não seria nenhuma surpresa
encontrar um torcedor do Coritiba entre os moradores nativos do Morro da
Mangueira ou de Vila Isabel.
E no recente caso do
Brasileirão de 2013, quem é o culpado pelas modificações ocorridas, levando a
Portuguesa paulista para a série B, livrando o Fluminense do descenso?
O Fluminense, o STJD ou a
Portuguesa?
Pelas declarações do presidente
da Lusa, o advogado do clube deveria estar acompanhando as possíveis sanções no
site da CBF em relação a escalação de seu atleta que deveria cumprir duas
partidas de afastamento por conta de uma penalização por expulsão.
Foi notória a confusão do
referido presidente durante a audiência, reiterando que aguardava a intervenção
de seu advogado para dar condições de jogo ao atleta punido.
Alegando desinformação, foi
conivente com a escalação do atleta.
Já o Supremo Tribunal de
Justiça Desportiva (STJD) diante das evidências do caso, aplicou o previsto na
lei que é de conhecimento de todas as agremiações participantes do campeonato
brasileiro.
Essa foi a justiça que
imperou fora de campo.
Dentro de campo, o justo
também foi estabelecido, ou seja, os quatro que menos pontuaram teriam que ser
conduzidos à série B em 2014.
Todos reconhecem que a
campanha do Fluminense foi pífia e merecedora de um rebaixamento.
Mas a pena aplicada ao time
rubro-verde paulista, com perda de quatro pontos, beneficiaria um dos
rebaixados que, nesse caso, foi o Fluminense.
Acreditar na justiça e na
isenção daqueles responsáveis em aplicar a lei não é ingenuidade, é a confiança
na manutenção da ordem do país.
Se existem intenções
escusas, o tempo vai se encarregar de reparar e, de alguma forma, irá impor sua
condenação aos mal intencionados.
São milhões de corações de
torcedores tricolores felizes com o desfecho, até então, de um ano nada
agradável ao seu clube.
Uma grande porcentagem de
anônimos que tem como uma das poucas alegrias a torcida pelo seu amado time.
Outros famosos como Chico
Buarque, Nelson Motta, Evandro Mesquita, Nelson Rodrigues, Fernanda Montenegro,
Cartola, etc, tem ou tiveram na opção verde, branco e grená o amor pelo esporte
preferido de todos os brasileiros.
Rogério
Francisco Vieira
Biólogo
e Professor