Se somos um instrumento, seja
lá de que natureza, que estejamos afinados com nossos pares.
O “samba de uma nota só” de Tom Jobim é raro dentre as necessidade dos arranjos sonoros que as composições
musicais requerem.
O solo instrumental é bonito
e demonstra a destreza do tocador.
Mas a harmonia de uma
orquestra em atividade nos serve de exemplo e de inspiração.
O grande perigo da execução solitária está na
falta da comunhão dos diferentes timbres, independente da impressionante
capacidade de seu executor.
Já a produção orquestrada é inebriante.
Sopros, cordas e percussões
numa mescla agradável e harmônica.
Cada qual no momento exato
de execução, sob a batuta daquele que sabe quando entrar e sair de cada um dos
colaboradores musicais, numa prova que disciplina e ordem são essenciais ao
êxito coletivo.
O desrespeito a esse trato
comum traz desafinação e desarmonia à obra, causando desconforto aos mais
apurados tímpanos.
Em metáfora, se nossa
sociedade não é harmônica, é porque nem todos conseguiram afinar seus próprios
instrumentos e, consequentemente, o resultado incomoda aos dotados de uma
sensibilidade social pura.
Essa percepção não quer dize
que todos tenham que ser iguais, pois as diferenças é que dão riqueza do todo.
Um bombardino aparece diferente
de um violino que se faz diferente de um oboé e assim por diante.
Assim somos nós,
instrumentos humanos coletivos, prontos – ou ainda aperfeiçoando a técnica
vital – na comunhão da freqüência ideal do existir.
O Grande Maestro é generoso
e paciente para aqueles que se dispõem a aprender e a ensinar a Magna Obra do
bem comum, mesmo que isso pareça obra de vaidade pessoal.
Enquanto isso, o aprendiz
deve se aproximar dos que buscam os tons harmônicos e evitar o ruído agressivo
dos que ainda não se atentaram para a beleza de compartilhar de uma freqüência comum,
pois a maturidade e o tempo são diferentes para cada um.
Rogério
Francisco Vieira
Biólogo
e Professor
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